Em teses acadêmicas escritas por médicos no estado da Bahia (Brasil) de século XIX, somos confrontados com a afirmação de que perfumes são um mal a ser evitado. Preocupados em promover a saúde da população e se estabelecerem num país fortemente marcado pela disputa entre diferentes agentes dedicados à cura, os médicos formados na Faculdade de Medicina da Bahia, inaugurada em 1832, insistirão no caráter patológico dos aromáticos e, com isso, se colocarão contra determinados costumes do Brasil colonial, bem como a práticas trazidas no início do século pela Coroa Portuguesa. Os argumentos articulam simultaneamente corpo e moralidade na construção de um discurso de verdade que constituiria o científico e visa simultaneamente discutir e instituir a civilização no Brasil. O nosso objetivo é, a partir das teses, identificar e compreender algumas das tensões que envolvem os diferentes modos como cheiros e perfumes eram pensados no período.