Dores que duram: Dolores Duran
A expressão “Música Popular Brasileira” (MPB) está eivada de um complexo atravessamento histórico; o termo “música” tenta carimbar a qualidade estética superior por um certo “gosto artístico”, o “popular” entrega uma proposta retórica demagógica acerca de uma noção de Brasil. Alguns personagens se destacam em meio ao fervor desse caldo. Aqui vale trazer Dolores Duran, mulher negra, pobre, frágil, que reluz como um cometa, porque morre no auge do seu brilho aos 29 anos, em meio ao intenso machismo, racismo, misogenia, entre outros traços da cultura nacional própria dos anos 40/50. Cantora e compositora de clássicos da música do Brasil, Duran é como um “olho mágico” que nos permite entender através da simplicidade autobiográfica de suas canções a crueldade impactante presente na construção da sociedade brasileira em uma época.