Nenhum julgamento de gosto é inocente. Em uma palavra, somos todos esnobes. Pierre Bourdieu ilumina brilhantemente essa situação da classe média no mundo moderno. O principal sociólogo da França se concentra aqui na burguesia francesa, seus gostos e preferências. A distinção reside ao mesmo tempo em uma vasta etnografia da França contemporânea e uma dissecação da mente burguesa. No decorrer da vida cotidiana, as pessoas constantemente escolhem entre o que consideram esteticamente agradável e o que consideram cafona, meramente moderno ou feio. Bourdieu baseia seu estudo em pesquisas que levaram em conta a multiplicidade de fatores sociais que desempenham um papel na escolha de roupas, móveis, atividades de lazer, cardápios de jantar para convidados e muitas outras questões de gosto de um francês. O que emerge de sua análise é que o esnobismo social está em toda parte no mundo burguês. As diferentes escolhas estéticas que as pessoas fazem são todas distinções, isto é, escolhas feitas em oposição àquelas feitas por outras classes. O gosto não é puro. Bourdieu encontra um mundo de significado social na decisão de pedir bouillabaisse, em nosso culto contemporâneo à magreza, em “esportes californianos” como corrida e esqui cross-country. O mundo social, ele argumenta, funciona simultaneamente como um sistema de relações de poder e como um sistema simbólico no qual pequenas distinções de gosto se tornam a base para o julgamento social. O tema do livro de Bourdieu é fascinante: as estratégias de pretensão social são sempre curiosamente envolventes. Mas o livro é mais do que fascinante. É uma contribuição importante para os debates atuais sobre a teoria da cultura e um desafio para as principais escolas teóricas da sociologia contemporânea.