O Programa Reticular lança a possibilidade de Fóruns Temáticos em seus Grupos de Estudo, Apoio, Pesquisa e Extensão. A iniciativa está alinhada com a perspectiva de produzir redes de conhecimento para fins de Ativação Reticular¹.

Reforçamos o convite para aqueles interessados que possam participar dessa comunidade a fim de ampliar e amplificar os horizontes acerca das temáticas relativas ao sofrimento mental, sejam profissionais da saúde, pesquisadores, professores, cuidadores e/ou pacientes.

Fóruns Temáticos

Um dos principais objetivos dos Fóruns é tentar garantir maior interação na Comunidade Reticular ao organizar vários recursos voltados para a convergência de interesses e atenção. Nesse sentido, incentivamos os Grupos Temáticos a produzirem e disseminarem conhecimentos através dos seus membros; um em apoio ao outro, sobretudo dos mais engajados até aqueles recém chegados em seus perfis. Enfim, trata-se de promover:

1. Construção de Relacionamentos: permitem que os membros criem laços uns com os outros. Interações regulares ajudam a construir confiança e amizade, criando um senso de pertencimento e camaradagem.
2. Suporte Mútuo: membros de uma comunidade podem oferecer suporte uns aos outros, seja respondendo perguntas, oferecendo conselhos ou simplesmente produzindo acolhimentos. Isso é especialmente útil em comunidades baseadas em interesses ou temas específicos.
3. Troca de Conhecimento: polos para disseminação de conhecimento. Os membros podem compartilhar suas experiências, melhores práticas e aprendizados, promovendo crescimento mútuo em áreas específicas.
4. Engajamento e Participação: incentivam os membros a serem ativos e participarem de discussões, promovendo o envolvimento em vários aspectos para além da comunidade virtual.
5. Desenvolvimento de Conteúdo Gerado pelo Usuário: a interação comunitária gera uma quantidade significativa de conteúdo criado pelos usuários. Este conteúdo enriquece o debate e pode se constituir em uma valiosa fonte de insights e ideias para toda a equipe.
6. Feedback e Melhoria Contínua: obter feedback direto dos usuários sobre diversos aspectos relevantes. Isso permite uma melhoria contínua baseada nas necessidades e expectativas reais dos usuários.
7. Diversidade de Perspectivas: uma variedade de pessoas com diferentes pontos de vista e experiências enriquece as discussões e proporciona uma gama mais ampla de soluções e ideias.
8. Moderação e Auto-Regulação: em comunidades bem estabelecidas, os próprios membros ajudam a moderar e manter o fórum em ordem. Podem sinalizar comportamento inadequado, orientar novos membros e garantir que as discussões permaneçam construtivas.

A criação de um ambiente onde os membros se sintam à vontade para participar e compartilhar é essencial. As regras para a participação nos Fóruns pretendem deixar o ambiente acolhedor e que haja mecanismos para resolver conflitos de maneira justa, afinal os debates estão a serviço da Ativação Reticular.

Ativação Reticular

A Ativação Reticular, ou Sistema de Ativação Reticular (SAR), é uma parte do cérebro que age como um filtro para todas as informações sensoriais que recebemos. Ela ajuda a decidir quais informações são importantes o suficiente para você prestar atenção e quais podem ser ignoradas.

Imagine o seu cérebro como uma estação de rádio. Há inúmeras estações de rádio transmitindo ao mesmo tempo, cada uma com uma programação diferente (sons, imagens, cheiros, etc.). A ativação reticular funciona como o seletor de estações do rádio, sintonizando apenas as estações que você quer ou precisa ouvir e ignorando todas as outras. Quando você está em um ambiente com muitas distrações, como uma cafeteria barulhenta, o SAR ajuda você a se concentrar na conversa com seu amigo em vez de nos outros ruídos ao redor.

No cérebro, o SAR é formado por várias partes que ajudam a controlar quando você está acordado e prestando atenção. Aí também são liberadas substâncias que aumentam sua capacidade de se concentrar.

Entender o SAR é importante para compreender como as pessoas lidam com a atenção e a consciência. Por exemplo, em casos de transtorno de ansiedade, o “seletor de estações” pode estar sintonizando muitas “estações” ao mesmo tempo, causando uma sensação de sobrecarga e dificuldade em se concentrar. Em depressão, o SAR pode estar sintonizando em “estações” que enfatizam pensamentos e sentimentos negativos, dificultando a capacidade de se concentrar em coisas positivas ou neutras.

Além disso, o SAR tem um papel importante na resposta ao estresse. Quando você enfrenta uma situação estressante ou perigosa, o SAR ajuda a preparar o corpo para a ação, aumentando sua atenção e vigilância. Isso pode ser útil em situações de curto prazo, mas, em casos de estresse constante, essa ativação contínua pode levar à exaustão e a problemas de saúde mental.

Portanto, a Ativação Reticular é como o seletor de estações de rádio no seu cérebro, ajudando a escolher quais sinais prestar atenção e quais ignorar, facilitando a concentração e o foco no que se destaca pela importância mais efetiva. Compreender como o SAR funciona pode ajudar a desenvolver estratégias para melhorar a atenção e a gestão do estresse, contribuindo para a saúde mental geral.

E o SAR, como a própria palavra reticular indica, evidencia que nosso cérebro funciona em rede de conexões. Deste modo, o Programa Reticular propõe igualmente conectar pessoas numa rede que potencialize a Ativação Reticular.

Como o Programa Reticular contribui para a promoção da Ativação Reticular? O que é e como está organizado o Programa Reticular?

O Programa Reticular está calcado nos fundamentos da Prática Baseada em Evidência (PBE), um dos pilares para uma postura de consistência técnica e ética em seus conteúdos, na Escuta Ativa, como disposição para o acolhimento, abertura e interdisciplinaridade no diálogo profissional. Temos ainda um outro pilar: a Capilaridade, estratégia de organização e disseminação nas mais diferentes redes sociais.

Vejamos os detalhes de cada um desses pilares:

Os Três Pilares da Ativação Reticular

Prática Baseada em Evidências (PBE)

A Prática Baseada em Evidências (PBE) é uma abordagem na qual decisões e práticas são guiadas pelo uso sistemático de evidências científicas. Isso significa 1) integrar a melhor evidência disponível, obtida através de pesquisas rigorosas e revisões da literatura científica, com 2) a experiência clínica e/ou de escuta profissional, com 3) as preferências, possibilidades, recursos dos pacientes para tomar decisões informadas sobre o cuidado.

A PBE segue um processo estruturado, geralmente composto pelos seguintes passos:

1. Formulação da Pergunta: Definir claramente a questão específica a ser respondida.
2. Busca de Evidências: Realizar uma busca sistemática por evidências relevantes na literatura científica.
3. Avaliação Crítica das Evidências: Analisar a qualidade e a relevância das evidências encontradas.
4. Implementação das Evidências: Aplicar as melhores evidências na prática, levando em consideração as particularidades dos pacientes em suas várias dimensões coletivas e individuais.
5. Avaliação dos Resultados: Monitorar e avaliar os resultados da implementação para garantir a eficácia e segurança das práticas adotadas.

A PBE é amplamente utilizada na área da saúde, incluindo medicina, enfermagem, fisioterapia, psicologia, entre outras. Ela visa melhorar a qualidade do cuidado prestado, aumentar a segurança do paciente e promover a eficácia das intervenções.

Escuta Ativa

A Escuta Ativa é uma técnica fundamental para criar um ambiente de confiança e compreensão entre as pessoas envolvidas. Vai além de simplesmente ouvir as palavras ditas; envolve entender as emoções, os sentimentos e os pensamentos subjacentes. É crucial para contribuir para o bem estar das pessoas no sentido de se sentirem valorizadas e compreendidas, facilitando o processo de transformação, amadurecimento e crescimento a fim de estabelecer as melhores condições para lidar com as próprias emoções.

Os componentes da Escuta Ativa incluem:

1. Atenção Plena: total atenção à pessoa, minimizando distrações e focando exclusivamente na conversa. Isso demonstra respeito e interesse genuíno pelo que está sendo compartilhado.
2. Empatia: tentar ver o mundo através dos olhos do outro, compreendendo e validando suas experiências e emoções. Ajuda a estabelecer uma conexão emocional profunda e a mostrar que suas preocupações são levadas a sério.
3. Feedback Refletivo: utilização de reflexões e paráfrases para confirmar a compreensão da mensagem das pessoas a fim de permitir que o mesmo possa ouvir seus próprios pensamentos e sentimentos de uma nova maneira. Isso pode ajudar a clarificar e explorar questões mais a fundo.
4. Uso de Perguntas Abertas: perguntas abertas encorajam as pessoas a explorarem e expressarem seus pensamentos e sentimentos com mais profundidade. Isso facilita a exploração de temas importantes e ajuda todos a se sentirem ouvidos e compreendidos.
5. Validação: valida as emoções e experiências das pessoas, mostrando aceitação e normalização dessas experiências. Isso pode ajudar os indivíduos a se sentirem menos isolados e mais aceitos.
6. Comunicação Não Verbal: Manter contato visual, acenar com a cabeça, inclinar-se para frente e usar expressões faciais apropriadas são formas de comunicar interesse e empatia sem palavras.
7. Silêncio Terapêutico: Usar o silêncio de maneira estratégica para permitir que a pessoa reflita sobre seus pensamentos e sentimentos, incentivando uma introspecção mais profunda.

A Escuta Ativa na psicologia é uma ferramenta poderosa que contribui para a promoção de um ambiente transformador em que as pessoas podem explorar suas preocupações de maneira segura e produtiva, facilitando o desenvolvimento pessoal e a resolução de desconfortos emocionais e tensões psicológicas.

Capilaridade

No contexto da produção de conhecimento, “capilaridade” refere-se à forma como o conhecimento se dissemina e penetra em diferentes áreas, níveis e segmentos da sociedade ou de uma organização, de maneira semelhante ao movimento de líquidos em capilares (pequenos tubos ou vasos). Esse conceito é utilizado para descrever a maneira pela qual o conhecimento flui, se difunde e influencia diversos setores e pessoas, independentemente de barreiras hierárquicas ou geográficas.

Nesse sentido, a capilaridade na produção de conhecimento pode ser observada em:

1. Transdisciplinaridade: O conhecimento atravessa fronteiras disciplinares, promovendo uma integração entre diferentes campos do saber.
2. Acessibilidade: O conhecimento se torna acessível a diferentes níveis da organização ou da sociedade, não ficando restrito a um grupo seleto de especialistas.
3. Democratização do conhecimento: A distribuição do conhecimento é equitativa, permitindo que mais pessoas tenham acesso às informações necessárias para o desenvolvimento pessoal e profissional.
4. Inovação e criatividade: A troca constante de informações e ideias promove a inovação, uma vez que o conhecimento fluente entre diversas áreas pode gerar novas perspectivas e soluções.
5. Colaboração e redes: Redes de colaboração/apoio são criadas, nas quais o conhecimento é compartilhado de forma ampla e eficiente entre diferentes indivíduos e grupos.

Esses aspectos mostram como a capilaridade é essencial para a dinâmica de produção e disseminação do conhecimento, facilitando a inovação, a colaboração e o crescimento contínuo.

Enfim, eis uma breve apresentação do que está contido no Programa Reticular. Outros elementos fazem parte desse “ambiente” a fim de viabilizar as melhores condições para que tudo possa funcionar. Para isso, é fundamental a consolidação de ferramentas para atrair, fixar e capacitar todas as pessoas envolvidas para esse modelo de construção de interações. A plataforma reticular.site é a porta de acesso fundamental para tudo isso. A partir daí, outros projetos serão gestados.

1. Os links desse artigo podem não funcionar adequadamente para usuários não associados ao Programa Reticular. Associe-se! ↩︎